Com mais de um século de existência, o território quilombola Riacho dos Negros, localizado no município de São João do Piauí, começou a receber as primeiras ações do processo de regularização fundiária conduzido pelo Instituto de Terras do Piauí (Interpi). A área, que abriga cerca de 800 pessoas, é reconhecida por sua forte identidade cultural e histórica.
No mês de março, uma equipe técnica do Interpi esteve na comunidade para realizar a atualização da poligonal do território — uma etapa fundamental que define os limites geográficos da área tradicionalmente ocupada. Nos próximos meses, será elaborado o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID), documento que reunirá informações fundiárias, históricas, antropológicas, ambientais e socioculturais da comunidade.
O diretor-geral do Interpi, Rodrigo Cavalcante, destacou a importância do processo para o fortalecimento da cidadania e dos direitos das comunidades tradicionais: “Regularizar um território quilombola é reconhecer a história, a luta e o direito dessas famílias a terra que ocupam há gerações. É um passo fundamental para garantir segurança jurídica, dignidade e autonomia a essas populações”, afirmou.
O diretor de Povos e Comunidades Tradicionais do Interpi, Saullo Lopes, reforçou o papel do Estado na promoção da justiça social e no cumprimento da legislação. “O Piauí tem assumido o compromisso com a demarcação e titulação dos territórios quilombolas. Riacho dos Negros é um símbolo vivo da resistência negra no semiárido piauiense, e sua regularização é uma reparação histórica”.
Para a liderança comunitária Roseane Rodrigues, a chegada do processo de regularização representa um sonho antigo da comunidade. “É uma luta de muitos anos. Ver o Interpi aqui, fazendo esse trabalho, nos dá esperança de que, finalmente, vamos ter o reconhecimento oficial do nosso território. A terra é nossa raiz, é onde estão enterrados nossos antepassados”, relatou.
A regularização fundiária de territórios quilombolas é uma das prioridades do Governo do Estado, com ações articuladas por meio do Interpi em parceria com outras instituições estaduais e federais. O trabalho no território de Riacho dos Negros reafirma o compromisso com os direitos dos povos tradicionais e com a construção de um Piauí mais justo, diverso e inclusivo.